domingo, 24 de fevereiro de 2013

ONDE HOUVER INJUSTIÇA HAVERÁ ESCRACHO FEMINISTA!



































Ato em favor das adolescentes estupradas pelo integrantes da banda New Hit
A Banda New Hit está com agenda para tocar aqui em Recife neste domingo, dia 24 de fevereiro.
Exigimos o julgamento dos estupradores!
New Hit na cadeia!

NOTA DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES SOBRE O JULGAMENTO DO ESTUPRO COLETIVO PRATICADO POR INTEGRANTES DA BANDA NEW HIT

         No dia 16 de agosto de 2012, na cidade de Ruy Barbosa na Bahia, duas adolescentes foram estupradas por 9 homens integrantes da Banda New Hit, dentro do ônibus do grupo.  As meninas se dirigiram ao veículo para pedir autógrafos e parabenizar um dos integrantes que fazia aniversário. Lá, foram violentadas de forma brutal e humilhante, com a conivência e também violência de um Policial Militar.
                   Em virtude do caso, no dia 26 de outubro de 2012, nós, da Marcha Mundial das Mulheres , fomos até a casa de veraneio do estuprador Eduardo Martins, vocalista da Banda New Hit. Afirmamos que enquanto não houver justiça haverá escracho feminista!
                   Para nós, exigir a punição de todos os estupradores e agressores às mulheres é tarefa fundamental dos que defendem a igualdade e a liberdade. A  impunidade incentiva e naturaliza a violência contra a mulher.
         Além do sofrimento provocado pelo crime violento, as vítimas estão distantes da sua cidade, afastadas do convívio social e tendo suas liberdades cerceadas. Sofreram violência sexual e encontram-se encarceradas por conta das ameaças de morte. Enquanto isso, os autores do crime estão em liberdade realizando shows pelo Brasil. Uma completa inversão de valores, quando quem comete a violência é consagrado, enquanto quem a sofre é relegada ao silêncio e a ter que se esconder para sobreviver.  
         Casos como esses são cada vez mais recorrentes em nossa sociedade que convive com a violência às mulheres como forma de dominação e exploração. No geral, a violência é utilizada como controle da vida, do corpo e da sexualidade das mulheres. Muitos estupros tentam ser justificados porque caminhamos sozinhas à noite, porque somos lésbicas, ou quando desobedecemos aos maridos. A lógica da violência funciona como “corretivo”  às mulheres consideradas “putas”.  Um castigo por desobedecermos as normas que nos são ensinadas/impostas.
         No caso do estupro coletivo cometido pelos integrantes da Banda New Hit não foi diferente. As adolescentes foram julgadas como vagabundas e que mereciam o estupro por terem subido no veículo em que estavam 9 homens.  
         O estupro é talvez a manifestação mais cruel da violência machista, anuncia o fato de que a mulher não tem possibilidade de escolhas sobre o seu próprio corpo, e que nossas vidas estão inscritas no limite da subordinação aos homens.
                   Vivemos um momento na conjuntura da vida das mulheres em que a classe dominante tenta consolidar a idéia de que a igualdade já foi alcançada e a luta feminista não é mais necessária. Essa idéia tenta ser difundida principalmente nos países que, por exemplo, possuem mulheres na presidência, ou em outros cargos importantes do Estado, porém, os dados relativos aos índices de violência às mulheres da classe trabalhadora são alarmantes.
Segundo o Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil, a cada três minutos uma mulher é violentada. Entre os anos de 1980 e 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no país. Nos últimos dez anos, foram 43,7 mil assassinatos, representando um aumento de 230% em relação ao período anterior. Ademais, sabemos que apenas 2% dos agressores de mulheres são condenados, o que demonstra o completo descaso das autoridades às inúmeras violências sofridas pelas mulheres.
                    No Brasil, a lei Maria da Penha representa um avanço, fruto da luta do movimento feminista, mas os problemas de precariedade nos órgãos e na rede de atendimento às mulheres, a falta de pessoal especializado, de funcionários capacitados, sucateamento das poucas delegacias de atendimento à mulher e quase inexistência de equipamentos como casas-abrigo públicas, dificultam sua aplicabilidade e o rompimento do ciclo de violência vivido pelas mulheres.
                   Por tudo isso, convocamos todas e todos ao julgamento dos estupradores que acontecerá nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro de 2013, na cidade de Ruy Barbosa, Bahia. Sabemos que o fato deles serem homens com fama e dinheiro os protegem. Somente com muita pressão social e política os estupradores serão condenados. A prisão de Eduardo Martins e de toda a Banda New Hit será uma vitória das mulheres e homens que defendem uma sociedade justa e igualitária.
                   Defendemos um Projeto Popular para o Brasil e compreendemos que a eliminação da violência contra a mulher e da mercantilização dos nossos corpos é parte fundamental para a construção de uma sociedade em que a justiça, igualdade e liberdade sejam pilares.
                   Somos Negra Zeferina, Luiza Mahin, Maria Felippa! Empunharemos nossos corpos como espadas para defender uma sociedade justa e igualitária. Somos mulheres organizadas que não silenciam diante de atrocidades como essa. Até que os integrantes da Banda New Hit sejam julgados e condenados não descansaremos! Temos direito a uma vida sem violência e lutaremos por isso.
                   Por um Projeto Feminista e Popular seguiremos em Marcha até que todas sejamos LIVRES!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Delegação da Marcha Mundial das Mulheres de Pernambuco para o I Encontro Nacional de Mulheres Camponesas
Com o tema “Na Sociedade que a Gente Quer, Basta de Violência contra a Mulher!”, cerca de três mil mulheres camponesas, de vinte e dois estados do Brasil, estão sendo esperadas para os dias 18 a 21 de fevereiro de 2013, no Parque da Cidade em Brasília.

Para o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), segundo a dirigente da região Sul, Noeli Taborda o objetivo deste encontro será de “fortalecer o Movimento de Mulheres Camponesas desde a base à direção Nacional, dando visibilidade ao papel importante que a mulher exerce na produção de alimentos, celebrando conquistas e planejando o futuro”.

O MMC possui como missão a libertação das mulheres trabalhadoras de qualquer opressão e discriminação. Isso se concretiza nas lutas, na organização, na formação e na implementação de experiências de organização popular, onde as mulheres sejam protagonistas de sua história. O Movimento tem a preocupação com a soberania alimentar, entendida como a produção de alimentos saudáveis e diversificados para o consumo de toda população brasileira, não apenas de suas famílias.

Durante os dias do encontro, as mulheres vivenciarão diferentes momentos como plenárias que discutirão os temas: a produção de alimentos saudáveis, o combate a violência contra as mulheres e o feminismo. Além de estudos, discussões e vivências, as camponesas também terão atividades culturais.

Segundo a dirigente do Movimento da região Amazônica, Tânia Chantel a importância do encontro se situa no fato de “reunir mulheres do campo de todo o Brasil para discutir e dialogar sobre temas tão importantes como o projeto de agricultura camponesa que defendem, bem como o tema da violência que atinge muitas mulheres do campo, mas que não é visibilizada pela sociedade, pelas autoridades e pela mídia. O encontro também pretende ser propositivo no sentido de fomentar a criação de políticas públicas e novas discussões nos grupos de base nos Estados, visto que muitas políticas públicas não se efetivam na vida das camponesas”.

Já está confirmada a presença de Organizações de Mulheres Internacionais dos países de Cuba (Federação de Mulheres Cubanas), Honduras (Conselho para o Desenvolvimento Integral das Mulheres Camponesas), Colômbia (Federação Nacional Sindical Unitária Agropecuária), Venezuela (Frente Nacional Campesina Ezequiel Zamoura), Chile (Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas), Paraguai (Coordenadora Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas), República Dominicana (Confederação Nacional de Mulheres do Campo), Itália (Universidade de Verona) e África (União Nacional de Camponeses de Moçambique e uma articuladora de organizações de camponeses da África do Sul - TCOE).

A abertura está prevista para o dia 18/02/2013 às 14 horas. Logo após as camponesas irão expor produtos em uma Mostra da Agricultura Camponesa, que acontecerá no mesmo local.

Maiores informações com assessoria de imprensa:
Letícia Pereira (61) 8247 7975 - TIM
Elisiane Jahn (61) 9936 3745 - VIVO

E pelo link: http://www.mmcbrasil.com.br

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Acontece em São Paulo nos dias 28, 29 e 30, o Seminário Internacional da SOF (Sempre Viva Organização Feminista), com  o tema: Economia, Política: desafios e propostas para a igualdade e autonomia das mulheresO seminário  esta sendo transmitido ao vivo. Segue link para acompanhamento das atividades.
ustream.tv/channel/seminariointernacionalSOF

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Declaração internacional da Marcha Mundial das Mulheres 


No dia 10 de dezembro de 2012, nós, ativistas da Marcha Mundial das Mulheres realizaremos ações nas nossas comunidades entre as 12h e as 13 horas. Da Nova Caledônia até Seattle, vamos nos mobilizar durante 24 horas para lançar um grito de alerta sobre os ataques aos direitos das mulheres, e para dar visibilidade para nossas ações de resistência e nossas alternativas.

Há oito anos, em 2004, reunidas em Kigali, Ruanda, aprovamos a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, após um longo processo de construção e elaboração coletiva. Nessa carta afirmamos que ”Nós, as mulheres, há muito tempo marchamos para denunciar e exigir o fim da opressão que vivemos por sermos mulheres e, para afirmar que a dominação, a exploração, o egoísmo e a busca desenfreada do lucro produzem injustiças, guerras, ocupações, violências e devem acabar Estamos construindo um mundo que tenha como força motriz a igualdade, liberdade, solidariedade, justiça e paz. Mundo que, com a nossa força, somos capazes de criar.”

Hoje, em 2012, a motivação de construir outras formas de organização da vida, que superem o patriarcado, o capitalismo, o racismo, a lesbofobia, ganha ainda mais sentido face às crises sistêmicas e às suas falsas soluções. A crise econômica agrava o desemprego e apresenta como resposta apenas medidas de austeridade e cortes nas políticas sociais. As crises ambiental e climática são respondidas com a privatização da natureza. A crise do trabalho de cuidados gera maior responsabilização e sobrecarga das mulheres, especialmente para garantir as necessidades mais básicas que todas e todos temos. Estas falsas soluções são impostas pela captura do espaço político pelas corporações e tecnocratas financeiros, pela criminalização das lutas sociais e por um aumento da militarização. Estas crises se beneficiam e se alimentam com o aumento do conservadorismo, dos ataques dos fundamentalistas de diferentes religiões, do aumento de todo o tipo de violência contra as mulheres, do controle e maior mercantilização dos nossos corpos, da ameaça aos nossos direitos e conquistas.

A poetisa filipina Joe Barrios resume: ser mulher é viver uma guerra constante.

Nós mulheres vivemos em meio a uma crise permanente. Construímos alternativas no desenvolvimento de outras formas de produção e preparação dos alimentos, ao cuidar das pessoas, na economia solidária, nas rádios comunitárias e em tantas outras formas de comunicação a partir dos movimentos sociais, nas festas populares livres de sexismo e de discriminação. Desenvolvemos práticas contra-hegemônicas e alternativas de poder popular, reescrevemos a história para resgatar a memória das nossas avós e de tantas lutadoras feministas, para recriar a harmonia entre os seres humanos e a natureza, que convidam a debater uma vida que valha a pena ser vivida.

Propomos um outro mundo, onde a exploração, a opressão, a intolerância e as exclusões sejam abolidas, onde a integridade, a diversidade, os direitos e liberdades de todas e todos sejam respeitados.

Juntas numa ação comum, neste 10 de dezembro, aprofundamos a resistência nos nossos países e no mundo:

Continuaremos unidas até que todas as mulheres sejam livres!
Mulheres em resistência, 10 de dezembro de 2012

Somos todas Apodi!

Aqui no Brasil, a disputa em torno do modelo de desenvolvimento no Brasil é o que nos move nesse dia de ação feminista. Manifestamos nossa solidariedade à resistência das mulheres de Apodi, no Rio Grande do Norte.

O agronegócio é o projeto do domínio do capital sobre nossos territórios e sobre nossas vidas. Ele mostra seus interesses e poder em todos os cantos, como na violência contra os e as indígenas no Mato Grosso do Sul para o monocultivo de soja transgênica, e na busca de uma aliança estratégica com setores do governo federal para tomar as terras de camponesas e camponeses da chapada do Apodi.

Estamos nas ruas em solidariedade às mulheres de Apodi, que resistem ao agro e hidronegócio.

Somos contra a proposta do perímetro irrigado de Apodi. O projeto quer entregar as terras da Chapada do Apodi e as águas da barragem de Santa Cruz para cinco empresas que produzem frutas para exportação. Esse projeto foi apelidado de Reforma Agrária ao contrário. Isso porque ele tem como objetivo desapropriar 13.855 hectares de pequenas propriedades para reconcentrar essa terra nas mãos do agronegócio. O exemplo de outros perimetros irrigados demonstram que aumenta a miséria, a prostituição e a violência.

A luta da Marcha Mundial das Mulheres, em conjunto com outros movimentos sociais, é em defesa de um modelo de desenvolvimento com igualdade e justiça. O projeto ameaça a agricultura familiar e camponesa e a produção do viver de centenas de famílias, que, a partir da produção nas pequenas propriedades, representa o terceiro PIB agropecuário do Rio Grande do Norte.

A produção na região é de mel, caprinocultura, avicultura e as agricultoras desenvolvem, cada vez mais, a agroecologia. Esta produção de alimentos abastece a região. Mas o perímetro irrigado vai acabar com isso: as empresas irão produzir para a agroexportação e da forma como o agronegócio sabe fazer: com agrotóxicos que contaminam a terra, a água e os alimentos, provocando escassez de água para os e as produtores/as de arroz do vale.

Por isso afirmamos: a chapada do Apodi é território da agricultura familiar camponesa!!!

A nossa luta é todo dia nossa chapada não é mercadoria!!!

Contra o agronegócio, por soberania alimentar!

A soberania alimentar, a reforma agrária e a agroecologia fazem parte da nossa luta por igualdade e autonomia econômica das mulheres, que se articula com uma mudança estrutural no modelo de (re)produção e consumo. As mulheres tiveram que lutar muito pra conquistar a terra e as condições para produzir, como água e infra-estrutura. E da mesma forma tem que lutar para permanecer na terra. Perder as terras significa perder a autonomia econômica e ter que buscar outras formas de sobreviver, provavelmente na periferia das cidades.

As mulheres resistem!

Estamos em solidariedade com as mulheres de Apodi desde o ano passado. Enviamos cartas para o governo, realizamos manfestações e audiências públicas. Mas apesar destas ações, o governo segue com a implementação deste projeto e já iniciou a indenização de 35 famílias que serão atingidas pela primeira fase da construção do perímetro irrigado.

Nos últimos meses, as mulheres de Apodi demonstram coragem na resistência e, neste 10 de dezembro, nós mulheres do Brasil e de todo o mundo nos unimos a esta luta: somos todas mulheres de Apodi!
Estamos em marcha até que todas sejamos livres! No Brasil, isso significa, também, até que o campo esteja livre do agronegócio!

Fonte: MMM